História

Terra desbravada em 1692 pelo padre João de Faria Fialho, capelão dos bandeirantes, conforme descrição de Bento Pereira de Souza Coutinho em carta ao governador-geral do Brasil, D. João de Lancaster, datada de 29 de julho de 1694. Abaixo, um trecho da carta:

“De frente a Villa de Taubaté, dizia ele, quatro ou cinco dias de viagem se acha estar o Rio Sapucahi e descendo da direita da dicta villa para a de Guaratinguetá, tomando a estrada real do sertão 10 dias de jornada para a parte norte sobre o Monte de Amantiquira, quadrilheira do mesmo Sapucahi, achou o padre Vigário João de Faria, seu cunhado Antonio Gonçalves Viana, o Capitão Manoel de Borba e Pedro de Avos, vários ribeiros com pintas de ouro de muita conta: e das campinas da Amantiquira, cinco dias de jornada, correndo para o norte, estrada também geral do sertão, fica a serra da Boa Vista, d’onde começam os campos geraes até confinar com os da Bahia: e da Serra da Boa Vista até o Rio Grande são 15 dias de jornada cujas cabeceiras nascem na Serra Da Juruoca, de frente dos quaes serros até o Rio do Guanhanhães e em Monte de Ebitipoca tem 10 léguas pouco mais ou menos de circuito, toda essa planície com cascalho formado de safiras e de frente aos mesmos Serro da Juruoca para a parte da estrada caminho do oeste pouco mais ou menos esta distancias são muitos montes escalvados pelos campos e muitos rios…”

Complementando a narrativa, ainda temos do livro “Primeiros Descobridores das Minas do Ouro na Capitania de Minas Gerais” o seguinte:

“Assim se denominou um descobrimento, ao sul das minas de São João Del Rei, por alusão a um penedo cheio de orifícios, em que se aninhavam e se reproduziam os papagaios”.

Trata-se inequivocamente do nosso símbolo maior, o Pico do papagaio, nosso guardião intemporal. Aí está, belíssimo relato sertanista, que retrata com detalhes a primeira vez que se teve noticia das terras de Aiuruoca, Aiuruoca de origem tupi, na sua melhor divisão histórica A – Juru – oka que se traduz Ajuru = Papagaio + Oka = Casa de Papagaio, tendo como seu descobridor o Padre João de Faria Fialho.

Vê-se, pelo exposto, que, antes da descoberta do Ribeirão do Carmo, hoje cidade de Mariana, em 1696, da cidade de Ouro Preto, em 1698, da criação da Capitania Independente de Minas, em 1720, da fundação da Cidade de Campanha, em 1727, o nome Aiuruoca ecoava como o voo do papagaio ajuru, pela história das minas do ouro.

Porém sua fundação oficial ocorreu em 1706 por João de Siqueira Afonso, taubateano, descobridor das Minas de Aiuruoca e fundador do arraial do mesmo nome, atraindo exploradores portugueses e paulistas. Logo fundado o arraial, recebeu em 1708, a patente de capitão-mor e superintendente das Minas de Aiuruoca e Ibitipoca o capitão Melchior Felix de reconhecida nobreza das principais famílias de Taubaté, sendo neto do fundador da mesma, e morador no distrito de Aiuruoca onde possuía roças e escravos.

Igreja Católica Matriz Aiuruoca

Elevou-se a paróquia em 1717, tendo, como seu primeiro vigário, o padre Manuel Rebelo até 1725. Suas extensões territoriais eram enormes, de cuja divisão posteriormente, foram criadas várias outras paróquias e capelas.
São elas:

  • Nossa Senhora do Bom Sucesso dos Serranos – 29 de julho de 1725.
  • Nossa Senhora do Rosário da Alagoa da Aiuruoca– 1730, confirmada em 1752.
  • São Miguel do Cajurú – antes de 1741.
  • Capela Sant’Ana da Guapiara – 1730, confirmada em 1752
  • Capela Nossa Senhora da Conceição do Varadouro – 24 de agosto de 1748.
  • Nossa Senhora da Conceição do Porto do turvo – 4 de janeiro de 1752.
  • Bom Jesus do Livramento – 11 de abril de 1772, confirmada em 1814.
  • São Vicente Ferrer – 1797, confirmada em 17 de fevereiro de 1814.
  • Nossa Senhora do Rosário da Bocaina – 1830.

Por Alvará Régio de 16 de fevereiro de 1724 foi criado o Distrito Judiciário de Aiuruoca, subordinado à Comarca do Rio das Mortes.

É importante assinalar que, em 1744, encontra-se, em Aiuruoca, o Tenente Coronel Simão da Cunha Gago um dos cabos da Bandeira de Fernão Dias Paes Leme, que aqui erigiu, como consta uma Capela dedicada a nossa Senhora. Simão da cunha Gago juntamente com vários aiuruocanos fazendo-se acompanhar, em sua comitiva, do Padre Felipe Teixeira Pinto levando consigo a imagem da Conceição, desceram a serra desbravando matas, atravessando campos e rios chegaram a um promontório, na margem esquerda do rio Paraíba, onde fincaram bandeira e fundaram a cidade de Rezende.

Em 1764, Aiuruoca foi visitada pelo governador Luiz Diogo e pelo doutor Cláudio Manuel da Costa, inconfidente mineiro então secretário do governo, na tentativa de conter os contrabandistas e os desvios do fisco real.
A Vila de Aiuruoca passou à categoria de cidade com seu território desmembrado de Baependi em 14 de agosto de 1834. Aiuruoca pertenceu a Comarca de Baependi por um curto período, isto é, apenas vinte anos. Quando o ouro se esgotou, os moradores se dedicaram à criação de gado leiteiro e à agricultura. Tendo como pano de fundo a Serra dos Papagaios, onde se encontra o Parque Estadual da Serra do Papagaio. É um município privilegiado pela beleza natural e sua história.

Na cultura aiuruocana, destacam-se o Museu Municipal Doutor Júlio Arantes Sanderson de Queiroz, as festas religiosas, destacando-se a Semana Santa de Aiuruoca celebrada desde 1717, tombada como patrimônio histórico municipal em novembro de 2010.