Facebullying

 

Publicado em: 26/09/2013 16:16

Whatsapp

 

Matéria da Revista Época de 9 de setembro de 2013, páginas 76 à 83. Antes a fofoca ficava restrita ao cafezinho. Agora o assédio no trabalho chegou as redes sociais, ao Email e já atingem 40% das entidades. Fazer fofocas e futricas é tão antigo quanto a humanidade. As habilidades de falar mal dos outros e criar situações humilhantes dentro do ambiente de trabalho aparecem já nas pequenas oficinas da Idade Média. No mundo moderno, tais atos ganham o nome de assédio moral e passaram a ser punidos pela justiça. Agora, as conversas maldosas deixam a salinha do café, os corredores e ganharam visibilidade: estão na internet – onde todo mundo pode ver. O que não está muito claro é o limite entre o público e o privado. Nas redes sociais, comentários sobre colegas de trabalho, sobre crises com o chefe ou subordinados, antes restrito a quatro paredes, são compartilhados descontroladamente. Uma em cada três pessoas afirma ter sofrido algum tipo de ataque ofensivo por email, mensagem de texto ou por redes sociais. Assédio moral virtual: atos feitos de forma sistemática que humilham , constrangem, ridicularizam ou causam dano à honra e à imagem de alguém. A mudança trazia pelos meios digitais são duas: os casos ficaram mais públicos e a extensão do estrago é maior para os envolvidos. “A evolução da tecnologia só piora o que já estava ruim: as relações de trabalho, deteriorados pela pressão da competitividade e da busca por melhores resultados”, afirma a advogada Sônia. As ferramentas eletrônicas, na maior parte das vezes, funcionam como extensão das agressões pessoais. As vítimas acabam desenvolvendo problemas emocionais graves diz a psicóloga Margarida Barreto. O assédio virtual, causa mais estresse mental e insatisfação do que o assédio tradicional. No assédio virtual, o ato vai além do local físico de trabalho e pode acontecer a qualquer momento. Farley também aponta outra peculiaridade do assédio virtual: ver seu colega ser maltratado por email não é a mesma coisa que vê-lo ser maltratado pessoalmente. A testemunha, que eventualmente poderia parar com a agressão, não se coloca tanto no lugar da vítima. “No on- line não se vê a reação de quem é atacado”. A informalidade e o linguajar coloquial típicos da rede social aumentam o risco de uma interpretação erronia do que foi escrito. O mesmo palavreado é usado quando falamos pessoalmente, mas o interlocutor vê o jeito, o gestual ou o tom de voz e pode entender de outra forma. O assediador pode até se retratar na hora em que falou. A rede social não permite isso. Não há uma determinação clara dos Tribunais estipulando o que separa a vida profissional e a privada. O jeito é contar com o bom senso. Veja a matéria na íntegra na revista Época. Está disponível na “Biblioteca Pública Professora Luci Chaves”.

Marco Antônio dos Santos