Setembro Amarelo

 

Publicado em: 02/09/2018 20:15

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A data de 10 de setembro é marcada como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio e, durante todo o mês, acontece a campanha de conscientização Setembro Amarelo, objetivando alertar a população a respeito da realidade do suicídio, assim como as formas de prevenção.

No Brasil, a iniciativa do CVV (Centro de Valorização da Vida), do CFM (Conselho Federal de Medicina) e da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) realiza diversas ações para dialogar sobre o assunto, esclarecer, conscientizar e estimular a prevenção. Segundo o CVV, “são 32 brasileiros mortos por dia, taxa superior às vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer. Tem sido um mal silencioso, pois as pessoas fogem do assunto e, por medo ou desconhecimento, não veem os sinais de que uma pessoa próxima está com ideias suicidas”.

Em nosso imaginário, a ideia de morte como ceifadora, indesejada, traiçoeira, também convive com a ideia de paz, descanso, cessação de conflitos, serenidade e até possibilidade de encontro com entes que se foram.

É comum em estados de muita pressão, perdas importantes e conflitos pessoais intensos o pensamento de que seria melhor morrer. A morte traria alívio a esse momento indesejado e que está exigindo nossa capacidade de aceitação e alguma ação. A ideia é: eu não vou suportar.

Numa perspectiva de saúde mental, processamos nossa tristeza, sentimento de impotência, de revolta, não aceitação do fato e logo voltamos a nos ocupar com nossos afazeres quotidianos.

Em alguns momentos, conforme a situação vivida, podemos ter a recorrência desses pensamentos de fuga e liberação do conflito pela morte.

Assim como temos açúcar no sangue e pressão arterial, também temos crenças de desvalor, de abandono, de desamparo, de desamor que nos trazem pensamentos do tipo: preferia morrer.

Para o caso da taxa de açúcar no sangue e da pressão arterial, temos medidas claras que nos situam se estamos com diabetes ou hipertensão. Na Psiquiatria, não temos esses valores de corte tão claros. Tudo depende da intensidade e duração do desconforto psíquico.

Nos transtornos psiquiátricos, principalmente na depressão, podemos ter a intensidade e duração desse tipo de pensamento muito exacerbado e desconfortante tornando-se o centro de nossa atividade mental.

Portanto, devemos examinar a frequência e intensidade com que esses pensamentos nos ocorrem e, a qualquer sinal de descontrole e perseverança dessas ideias, procurar ajuda.

Ao compartilhar seus pensamentos com um amigo, familiar, cônjuge, líder religioso, ou seja, alguém que lhe ouça, estará facilitando a procura por um profissional da saúde mental para diagnóstico e tratamento de seu provável transtorno.

Dr. Rauflin Azevedo Calazans Psiquiatra e Psicoterapeuta da Cruz Azul de São Paulo, com especialização em terapia cognitivo-comportamental

Fonte: www.cruzazulsp.com.br